Por Alisson, PR7GA, com colaboração de Fabio Converso, PY5FOC
A Rede Estadual de Emergência de Radioamadores (REER-PR), vinculada à Defesa Civil do Paraná, promoveu no último sábado (13/08/2025) mais um exercício prático de comunicações em cenários adversos. A atividade integra o ciclo de aprimoramento técnico iniciado em 30 de agosto e foi realizada dentro da capital paranaense, com foco em situações reais de crise e desastres.
O simulado teve como base a montagem de um posto de comando portátil (PC) no estacionamento ao lado da sede da Defesa Civil, em Curitiba. Já o local do “evento simulado” foi definido como o Parque São Lourenço, a aproximadamente cinco quilômetros de distância. Essa separação geográfica buscou reproduzir a realidade de operações em que o comando se encontra afastado do local do incidente, exigindo técnicas confiáveis de comunicação e coordenação.
A missão simulada proposta consistia em deslocar operadores a pé até o Parque São Lourenço, transmitindo informações constantemente ao posto de comando. O percurso de cerca de seis quilômetros foi utilizado como teste de progressão com segurança, mantendo comunicação estável e utilizando sempre potência mínima nos rádios portáteis (HTs), a fim de prolongar a autonomia das baterias.
Durante o deslocamento, cada operador plotava sua posição em APRS, permitindo ao PC acompanhar o chamado “ambiente situacional”, fundamental para tomada de decisão em crises. Ao mesmo tempo, a formação em cadeia evitava a perda de contato: cada voluntário só avançava quando o anterior confirmava sinal estável, mantendo sempre um nível de intensidade (QSA) entre 3 e 4.
No ponto final, os operadores simularam o levantamento de informações locais, transmitindo relatos em fonia, enviando fotos por SSTV e retornando os dados ao posto de comando.
Veja imagens do simulado no vídeo a seguir:
Estrutura e equipamentos utilizados
Durante o exercício, os voluntários da REER-PR testaram diferentes recursos de comunicação e energia, de forma independente de redes convencionais. O posto de comando foi montado sem conexão a internet, sem rede de dados e sem energia elétrica da rede pública.
Foram empregados:
- Linha de comunicação em fonia e SSTV na frequência de 146,460 MHz;
- Linha de comunicação em modos digitais APRS (145,570 MHz), operada pelo software SARTrack;
- Antenas portáteis adaptadas ao cenário;
- Baterias de 12 volts e célula solar para recarga dos equipamentos;
- Rádio cross-band, ampliando as possibilidades de contato em VHF e UHF;
- Mapas e análise de terreno, para identificar locais estratégicos de montagem de repetidoras e direcionamento de antenas direcionais.
Técnicas de operação testadas
Um dos pontos centrais da atividade foi a aplicação das técnicas de QSP Baixo e QSP Alto.
- QSP Baixo: utilizado quando não há cobertura direta entre o posto de comando e a equipe no local do evento, nem repetidoras disponíveis. Nesse caso, a comunicação é estabelecida em cadeia, com cada operador mantendo contato com o anterior, garantindo que ninguém perca conexão.
- QSP Alto: aplicado em cenários onde a comunicação é ampliada por meio de uma repetidora instalada em local elevado. Essa técnica pode ser implementada com apoio de veículos 4x4 em terrenos difíceis, deslocamento a pé em áreas de trilha ou até mesmo com o uso de helicópteros para dar agilidade ao estabelecimento da radiocomunicação. No simulado, foi feita a instalação de uma repetidora cross-band em ponto elevado, para avaliar a eficiência de comunicações simultâneas em UHF e VHF e identificar em quais situações cada faixa é mais eficiente, considerando relevo, obstáculos naturais e distância.
Cenário de dados e relatórios
Um dos diferenciais do exercício foi o uso do sistema Winlink, que permite enviar relatórios por e-mail mesmo sem internet. Após a coleta das informações, os operadores demonstraram que é possível encaminhar mensagens para qualquer provedor de e-mail utilizando exclusivamente rádio, seja por VHF/UHF (quando há cobertura disponível) ou pela faixa de HF em 40 metros, ampliando ainda mais o alcance da comunicação.
Resultados e importância
De acordo com os organizadores, a atividade representou um piloto de integração entre regionais da REER próximas a Curitiba, reforçando a capacidade da rede em atuar em diferentes cenários críticos. Os voluntários puderam aplicar na prática conceitos de comunicação, logística e coordenação, preparando-se para situações reais em que rapidez e confiabilidade fazem diferença na preservação de vidas.
“Treinar é essencial. Podem passar mil anos, mas quando a REER for solicitada, estaremos preparados”, destacou Fábio Converso, PY5FOC, coordenador geral da REER-PR ao final da atividade.
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