Por Alisson, PR7GA

O movimento conhecido atualmente como "maker" começou a partir da ideia representada pela expressão "Do It Yourself", mais conhecida pela sigla DIY ou “faça você mesmo”, em português. Traz a noção de que qualquer pessoa é capaz de criar, alterar, consertar e fabricar diferentes tipos de objetos com as próprias mãos. Nesse contexto, o movimento maker é focado na aprendizagem de modo informal, compartilhada publicamente e com a intenção de ser uma atividade divertida e que traga a satisfação.

Hummm... Parece com o nosso radioamadorismo, não é?! O radioamadorismo segue exatamente a mesma linha. E não só o radioamadorismo: essa cultura vai além dos hobbies que se praticam nas horas vagas.


Segundo a Wikipedia, "este tipo de cultura já existia há décadas e foi responsável pela criação e evolução de indústrias inteiras como foi o caso da indústria dos computadores pessoais [quando] Steve Jobs e Steve Wozniak apresentaram pela primeira vez o Apple I. Hoje em dia, com a chegada e popularização de tecnologias de construção super sofisticadas como a impressão 3D e os microcontroladores como o Arduino, o Movimento Maker pode ser apenas o início de uma revolução industrial de proporções gigantescas e bastantes profundas para nossa sociedade. Um dos pilares do movimento maker é o compartilhamento de informações e tecnologia. O criador do Arduino - uma das grandes referências para a massificação dos makers - desenvolveu este microcontrolador como open hardware. E assim também se desdobra para qualquer projeto que uma pessoa esteja idealizando ou desenvolvendo." (https://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_maker)


Hoje em dia a cultura "maker" tem tido uma expansão considerável, com escolas abrindo espaço para laboratórios de robótica e eletrônica (mecatrônica), inúmeros sites na internet e canais no youtube dedicados a mostrar projetos simples e avançados que podem ser feitos em casa, intensa atividade na área editorial com lançamento de livros sobre o tema, etc. Assim, o radioamadorismo pode "cair como uma luva" para as mentes curiosas que costumam se interessar pela "cultura maker".

Embora o radioamadorismo compartilhe a "alma" deste saudável ecossistema, precisamos investir em divulgação. Muitos entendem e têm a visão de que o radioamadorismo se resume a um operador de acima dos 50 anos, solitário, trancado em seu quarto, que se comunica com outros operadores de forma misteriosa por meio de uma caixa de ferro com luzes piscando. Se esta fosse a única forma de fazer radioamadorismo, pouco ou nada teríamos a oferecer às novas gerações, especialmente àqueles abaixo dos 20 anos e fatalmente o radioamadorismo estaria condenado ao desaparecimento dentro de algumas décadas.


Porém, nosso hobby tem muito a oferecer como opção de diversão e aprendizado lúdico. Como alguém já disse, "a curiosidade move o mundo". Se a cultura maker atrai os curiosos, certamente o radioamadorismo pode atraí-los também. Basta que o estímulo adequado seja dado.

Se muitos dos engenheiros sêniores de hoje começaram construindo rádios de galena ou até se aventurando no novíssimo mundo dos semicondutores nas décadas de 60 e 70, a geração de hoje pode começar uma futura carreira nas diversas áreas de tecnologia construindo rádios baseados na tecnologia SDR. E não se trata de projetos complicados e caros. Hoje em dia, há iniciativas que permitem construir transceptores completos utilizando um simples chip ATMega328, por exemplo. 



Receptores completos para a faixa de HF mais FM comercial podem ser montados tendo como base um único CI como o SiLabs 4735 e uma placa arduino, incluindo até um display. Inclusive este projeto específico partiu da pesquisa do colega radioamador Ricardo Caratti, PU2CLR, cujo trabalho está abrindo um verdadeiro filão em torno do versátil chip. 

A visão deste editor é a de que o radioamadorismo não tem nada a temer da modernidade. Porém, precisa adaptar-se aos novos tempos. Antes de reclamar das novas tecnologias, o radioamador esperto e habilidoso deveria utilizá-las ao seu favor, especialmente na área de educação e da pesquisa. Os tempos mudam, mas a curiosidade não!

Viva o radioamadorismo do século XXI e além!


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5 Comentários

  1. Muito bom o artigo! Parabéns! Eu estou prestes a fazer a prova online para a Classe C e essa questão da cultura maker é mesmo um "novo nome" para algo há muito praticado no radioamadorismo.
    A questão do "rejuvenescimento" do radioamadorismo pode ser articulada a partir, por exemplo, do movimento escoteiro que atua no radioescotismo.
    Atuo como chefe escoteiro num grupo em Fortaleza/CE.

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    1. Excelente! Concordo totalmente. Os escoteiros são talvez nossos maiores parceiros... Ao menos na questão dos objetivos (muitos) que temos a felicidade de ter em comum. Sucesso por aí!

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  2. O problema é que a legislação cada vez mais proibe essa prática, cada vez quer mais certificados internacionais e homologações absurdas de equipamentos de amadores.

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  3. Em primeiro lugar, gostaria de agradecer o editor pela referência ao projeto da Biblioteca Arduino para o SI4735. Além do SI4735, também desenvolvi bibliotecas Arduino para mais 5 receptores DSP (AKC6955, KT0915, RDA5807, SI4844 e SI470X). Seguindo o espírito do radioamadorismo, todos os projetos são de livre acesso e têm como principal objetivo, orientar os experimentadores a desenvolverem seus próprios projetos. Lembro ainda que a legislação brasileira que trata do Serviços de Radioamador, não só permite a experimentação como também as encoraja (“Resolução nº 449, de 17 de novembro de 2006” e “Resolução nº 697, de 28 de agosto de 2018”). É claro que para transmissão, há compreensíveis restrição para que seu experimento não interfira em outros serviços bem como não ultrapasse as regras estabelecidas dentro do próprio serviço. Sempre que solicitado pela autoridade competente, o radioamador deverá prestar as informações técnicas relativas ao experimento. Por fim, parabenizo o editor pela forma criativa que associou o radioamadorismo com o movimento “Maker”.

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    1. Oi Ricardo! Acompanho de longe seu excelente trabalho e a referência é mais do que necessária. A visão do radioamadorismo que eu particularmente tenho enfoca exatamente o espírito experimentalista e de aprendizado pessoal e, por conseguinte, conhecimento repassado aos outros de forma livre e gratuita. Parabéns pelo trabalho e grato por comentar!

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