Desta vez, não foi Cabo Verde, mas outra ilha do Atlântico norte. Na noite entre os dias 14 e 15 de setembro de 2019, houve uma abertura de propagação troposférica para a faixa de 144 MHz que permitiu contatos das Ilhas Açores, no Oceano Atlântico, até partes do Reino Unido, França, Holanda, Bélgica e Alemanha.

Traduzido por Alisson, PR7GA

Desta vez, não foi Cabo Verde, mas outra ilha do Atlântico norte. Na noite entre os dias 14 e 15 de setembro de 2019, houve uma abertura de propagação troposférica para a faixa de 144 MHz que permitiu contatos das Ilhas Açores, no Oceano Atlântico, até partes do Reino Unido, França, Holanda, Bélgica e Alemanha.

A estação açoreana que estava no lugar certo e na hora certa para aproveitar esta abertura foi CU3EQ, José Vitor. Foram realizados diversos contatos em vários modos como fonia e FT8. Eis abaixo uma ilustração das distâncias e estações trabalhadas:

Quando observamos o mapa dos contatos feitos por CU3EQ, percebemos um padrão interessante. Por exemplo, a abertura parecia estar ocorrendo ao longo de uma faixa relativamente estreita.

Apenas duas estações na França foram trabalhadas, ambas da mesma área. Na Holanda, as estações eram do sul do país. E na Alemanha, os contatos seguiam a mesma direção

Surpreendentemente, nada menos que cinco estações alemãs realizaram contatos superiores a 3.000 km. Pondo em perspectiva, isto corresponde à distância entre a Irlanda e a Terra Nova, no Canadá.

O contato de maior distância realizado pelo CU3EQ foi com Dieter, DJ6AG no grid JO51EQ, vencendo uma distância de cerca de 3.231 km.

Acredita-se que este seja o primeiro contato via propagação troposférica em 144 MHz entre as Ilhas Açores e a Alemanha, sendo mais uma evidência de como o modo FT8 está permitindo novas possibilidades e horizontes.

Na Alemanha, DJ6AG estava operando com 750 watts e uma Yagi de 13 elementos, enquanto que em Açores CU3EQ transmitia com 350 watts e uma Yagi LFA de 11 elementos.

É provável que o modo de propagação na maior parte do caminho percorrido pelo sinal tenha sido um duto ao nível do mar. No lado leste deste caminho provavelmente havia algum tipo comum de tropo que permitiu às estações que estavam no interior alcançarem o duto marinho.

Interessante também notar que este caminho que o sinal percorreu entre Açores e aquela parte da Europa está alinhado com o Canal da Mancha, o que pode ter sido mais um fator que possibilitou os contatos com o interior.

Por fim, notamos que a abertura aconteceu no final da noite e no início da manhã, bem depois que o sol se pôs. Provavelmente é quando as condições de propagação tropo no lado leste do caminho, especialmente sobre a terra, estavam no ápice.

Esta é a previsão feita por F5LEN para a meia-noite de 14 de setembro.

Vê-se claramente uma melhoria razoável dos Açores para o Reino Unido.

Abaixo vemos o gráfico de pressão e temperatura de 14 de setembro.

Ele mostra um sistema de alta pressão no sudoeste da Irlanda.

E para mostrar como estavam boas as condições no dia 15 de setembro, este vídeo do José CU3EQ mostra seu contato em FM na frequência de 145.500 MHz com Tim, G4LOH em Cornwall, Inglaterra... a uma distância de 2.145 km.

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