Por Alisson, PR7GA

Frequentemente temos recebido, por meio das redes sociais, textos e vídeos recheados com dados supostamente científicos e de tom alarmista mencionando os terríveis efeitos da radiação advinda dos celulares, e em particular, da tecnologia 5G que está às portas.

Por outro lado, outros mencionam também evidências científicas que mostram consistentemente que há poucas razões para se preocupar. Será que a ciência está maluca? Certamente que não. Um artigo publicado por um professor da Universidade de Auckland que além de médico é também pesquisador sério da área afirma que a quantidade de estudos não quer dizer nada, mas sim a qualidade destes estudos.

O que é o 5G e como funciona?

5G é a quinta geração da tecnologia de telefonia móvel. Assim como os nossos rádios e também as gerações anteriores dos celulares, o 5G utiliza a chamada energia eletromagnética, especificamente a radiofreqüência, também conhecida como ondas de rádio.

Esse tipo de radiação não é ionizante, portanto, não danifica nosso DNA como a radiação ionizante, como a do sol ou raios-x. Ionizar significa que ter energia suficiente para remover elétrons dos átomos aos quais estão ligados, o que torna estes átomos instáveis. Porém, isto é algo que a radiação não ionizante, como a usada pelos telefones celulares, não tem poder suficiente para fazer.

Inicialmente, o 5G usará as mesmas faixas de frequência utilizadas pelo 4G. Mas, no futuro, operará em frequências mais altas. As frequências mais altas permitem conexões e tempos de resposta mais rápidos, além de aumentar a capacidade de conectar mais usuários.

Quanto maior a frequência, menor a distância que as ondas de rádio viajam. Como as frequências 5G serão mais altas do que aquelas usadas pelas tecnologias anteriores de telefonia móvel, serão necessárias muito mais estações base para celulares.


É destas duas novidades que advém a maioria das preocupações das pessoas e é o combustível para os textos e vídeo alarmistas: que as frequências usadas serão mais altas e que haverá mais estações rádio-base para telefones celulares. Porém, a realidade é bem diferente do que se vê nestas postagens.

Radiofrequências mais altas não têm alcance muito grande, o que significa que a radiação não consegue penetrar muito no corpo tanto quanto as tecnologias da geração anterior, que utilizam frequências mais baixas. Como resultado, a exposição humana é mais superficial, pois as ondas são absorvidas principalmente pela pele e não conseguem ir mais profundamente no corpo.

A ideia de que mais antenas e estações rádio-base levam a exposições mais altas também é um equívoco comum. Um número maior de estações base, na verdade, irá levar a uma rede mais eficiente. Isso significa que os telefones celulares poderão operar com uma potência reduzida, o que provavelmente resultará em menor exposição.

Ciência versus ciência?

Os cientistas estudam o efeito da radiação de RF no corpo humano há décadas, demonstrando que o principal efeito biológico parece ser o aquecimento do tecido humano. De fato, existem estudos que afirmam o contrário, que a radiação de RF faz mal à saúde. Porém, o que os autores dos textos e vídeos do youtube, facebook e whatsapp não percebem é a má qualidade destes estudos, segundo o professor Mark Elwood, médico pesquisador na área de Epidemiologia do câncer, com interesse nos efeitos dos campos eletromagnéticos. 

O professor Elwood afirma que muitos dos estudos que mostram um potencial efeito prejudicial à saúde são de baixa qualidade, mas são publicados simplesmente porque despertam a curiosidade das pessoas. 


Segundo um trabalho recente de pesquisadores da Universidade do Texas, que revisaram mais de 200 estudos e mais de 2000 testes de radiação de RF em células de mamíferos, apenas 9% dos estudos rigorosos e sérios sugerem que danos genéticos podem ocorrer, enquanto que metade dos estudos ruins afirmava haver danos. Isto mostra que existe algo errado nestes estudos, provavelmente devido à sua baixa qualidade.

A chave para uma boa ciência é a reprodutibilidade. Uma pesquisa, quando bem feita, terá seus resultados replicados em qualquer lugar. Uma coisa é mostrar que a exposição à radiação de RF tem efeito. Outra coisa é poder reproduzir os mesmos resultados, de forma a provar que o que está tentando demostrar é algo real, universal
. É importante separar a boa ciência da má.

Desafiando conceitos errôneos

Existem muitas informações erradas sobre o 5G e a energia eletromagnética associada às telecomunicações em geral. Embora, como dissemos, não haja evidências de danos causados ​​por essa energia eletromagnética, há sim evidências de que o medo e a ansiedade podem ser prejudiciais à nossa saúde e ao bem-estar geral.


Ainda que as pessoas que promovem a campanha anti-5G possam estar com boas intenções, sem a evidência científica para apoiar suas afirmações, este movimento está fazendo mais mal do que bem. O desafio que enfrentamos agora é combater a desinformação que reina especialmente nas redes sociais.


Fontes:
https://www.cnet.com/news/smartphone-radiation-is-not-causing-health-issues-scientists-say/
https://theconversation.com/theres-no-evidence-5g-is-going-to-harm-our-health-so-lets-stop-worrying-about-it-120501



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