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Vamos
retomar nossa explanação sobre MODOS de transmissão, que iniciamos na edição 12
do nosso QTC. Para ver a primeira parte, clique aqui.
Hoje
falaremos sobre os demais modos de transmissão que vão além da telegrafia e da
fonia envolvendo computadores, começando pelo Rádio Teletipo, ou RTTY.
RTTY
O
RTTY é a transmissão, via rádio, de TTY, ou seja, de teletipo, conhecido também
como teleimpressora. Este modo de transmissão pode ser considerado como uma das
aplicações mais antigas da tecnologia binária em telecomunicações, logo depois
de Código Morse. Foi inventado ainda no século 19, e foi utilizado pela
primeira vez em rádio pelas forças armadas dos Estados Unidos nos anos de 1920,
e comercialmente em 1932. Consistia de máquinas impressoras que emitiam sinais de
áudio, consistindo de 5 bits de informação, que eram transmitidos via rádio
para outras máquinas, que imprimiam o texto recebido. Estes sinais permitiam
transmitir texto muito mais rapidamente do que via código morse, e assim,
preferível quando era preciso enviar grandes quantidades de informação em pouco
tempo.
Dentro
do radioamadorismo, o uso do RTTY iniciou-se logo após o fim da II Guerra
Mundial, em VHF. Já em 1946, aconteceu o primeiro contato radioamadorístico via
RTTY na faixa de 2m. Hoje em dia, as faixas de HF são as preferidas para operação,
e são realizados contestes em todo o mundo reunindo seus praticantes.
Uma antiga máquina de RTTY
PSK31
Seguindo
a evolução da tecnologia, temos o PSK31. Este modo de transmissão é largamente
usado especialmente nas bandas de HF pelas vantagens em relação ao RTTY.
Enquanto que este modo sofre bastante com o QRM e QSB, o PSK31 oferece um
sistema de correção de erros que minimiza esses efeitos sobre a recepção,
tornando o texto recebido muito mais livre de erros. Além disso, ao contrário
do RTTY que só oferece a transmissão dos caracteres alfabéticos, numéricos e
alguns sinais de pontuação, o PSK31 oferece a possibilidade de envio de todos
os caracteres do código ASCII, incluindo sinais especiais.
Outra
grande vantagem do PSK31 é sua largura de banda, apenas 60Hz, contra cerca de
340Hz do RTTY e 3KHz da fonia em SSB. Quanto menor a largura de banda
necessária, mais o modo de transmissão é eficiente, pois pode chegar “mais longe”
com menos potência.
JT65 e FT8
Por
último, em nosso panorama sobre os modos digitais, temos o JT65 e o FT8. Estes
modos, especialmente o FT8, são considerados a “coqueluche” do momento.
Inúmeros colegas têm utilizado estes modos em seus contatos pelo incrível poder
de completar QSOs com níveis de sinal baixo, completamente inaudível para os
ouvidos humanos. Isto se deve à forma como os sinais são codificados.
Somando-se isto ao período do Ciclo Solar em que nos encontramos, que prejudica
a propagação dos sinais via ionosfera e praticamente inviabiliza a utilização
de certas bandas e contatos a longa distância, podemos entender como estes
modos têm sido preferidos entre tantos colegas.
Como
falamos, estes modos permitem contatos com níveis de sinais baixíssimos,
impossíveis de serem conseguidos utilizando outros modos. Isto é conseguido
tornando a velocidade de transmissão extremamente lenta, além da pequena
quantidade de informação transmitida. Como os dados são transmitidos de forma
devagar, isso permite ao receptor separar mais eficientemente o que é ruído do
que é o sinal propriamente dito, e isso é aliado à pequena quantidade de
caracteres transmitidos, somente 13, o que permite enviar apenas o indicativo de
ambas as estações e a reportagem de sinal, o que é considerado a mínima troca
de informações que torna um contato válido. Em ambos os modos de transmissão,
JT65 e FT8, todas as estações obedecem a um ciclo sincronizado de transmissão e
recepção. Cada estação obrigatoriamente deve sincronizar o relógio de seu
computador com precisão de décimos de segundo, pois caso contrário, o
computador não conseguirá decodificar os sinais. Em JT65, cada ciclo dura
precisamente 1 minuto, e em FT8, apenas 15 segundos.
Outros modos
Além
dos três modos digitais que citamos acima, existem inúmeros outros, como SSTV,
que é transmissão de imagens, ATV, que é transmissão de vídeo, similar à
transmissão de TV analógica comum – sim, como radioamadores nós podemos ter uma
estação transmitindo TV! – e transmissão de DADOS. Muitos não sabem, mas parte
da faixa de frequências utilizada pelos roteadores WIFI é compartilhada com uma
faixa de radioamadores. Isso permite a nós também entrarmos no mundo das
transmissões de dados, como Internet. Há uma pesquisa interessantíssima nesse
campo por parte de colegas lá fora para permitir interligar pontos distantes e
prover comunicação de dados, inclusive de internet, inclusive em situações de
emergência. Como podemos operar na faixa destinada ao WIFI, alguns colegas
conseguiram com sucesso modificar alguns roteadores de internet de forma que
possam operar de forma autônoma, criando pontos que se interligam de forma
automática e provendo uma infraestrutura de rede bastante robusta e quase imune
a quedas. Este é um campo novo, mas que pode ser explorado por qualquer colega
radioamador que se interesse pelo assunto, de qualquer classe.
Dito
desta forma, parece que estes modos são inacessíveis, complicados de operar e
trabalhosos, mas isto não é verdade. Após as configurações iniciais, qualquer
um pode operar em modos digitais sem esforço algum, e com possibilidades de
contatos a longa distância incríveis. Imagine transmitir com apenas 30w, com
uma simples antena dipolo ou vertical, e seu sinal ser ouvido a dezenas de
milhares de quilômetros, do outro lado da Terra! Isto tornou estes modos
extremamente populares entre os colegas ao redor do mundo, e serve também de
porta de entrada para o incrível mundo dos contatos DX, pois não requer grandes
antenas ou grandes potências, apenas persistência e uma pitada de sorte.
73 de Alisson, PR7GA.
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