Dia do Radiotelegrafista – 24 de maio
Rompendo lama com
botas de borracha, chegou à Casa de Força, abasteceu o motor diesel e
inspecionou correias e balatas. Deu a partida e acompanhou a subida dos
ponteiros dos amperímetros. Ligou os transmissores do radiofarol e os de
telegrafia, indo a seguir para a Estação-Rádio, onde fez o primeiro dos dez
boletins meteorológicos diários. Ligou os receptores e recebeu a resenha do
tempo e a mensagem de estimada de pouso de um avião C-47 do Correio Aéreo
Nacional (CAN). Preparou carga e abastecimento e aguardou a aproximação da
aeronave. Instruiu-a ao pouso, fornecendo direção e velocidade do vento,
pressão barométrica e temperatura ambiente. Comunicou o pouso ao Centro de
Controle de Área e foi para o pátio, onde descarregou a carga destinada a
aquela escala e carregou a que deveria seguir destino, abasteceu a “garça” e
forneceu à tripulação as informações das condições de tempo da próxima etapa de
voo. Orientou a decolagem e acompanhou a missão pelo rádio até o pouso
seguinte. Às 18 horas desligou todos os equipamentos e fechou o dia com
passadas escorregadias nos 6 km de lama da estrada, de retorno à pequena
povoação, no interior da Amazônia, similar a tantas onde existisse uma Estação
de Aerovias (ACS).
Este era o
personagem principal de sustentação da Proteção ao Voo, proporcionada pela
então Diretoria de Rotas Aéreas (DR), instituída em 1942 para gerir o Correio Aéreo
Nacional e coordenar o tráfego aéreo em geral no território nacional. Símbolo
do apoio a qualquer avião nas rotas do interior, o Radiotelegrafista era
“pau-prá-toda-obra”. Polivalente, atendia às necessidades de improvisação
requeridas pelas dificuldades da época, nos confins do Brasil, onde a aviação
insistia no pioneirismo.
Em todos os lugares
aonde era necessária a radiocomunicação, havia um Radiotelegrafista. Nas
repartições públicas, através de concurso público, eram contratados. Nas
empresas particulares, proviam comunicação entre matriz e filiais. E entre os
radioamadores, os radiotelegrafistas gastavam seus conhecimentos a serviço de
seu hobby.
Com o advento de
outras formas de comunicação, mais rápidas e eficientes, hoje não temos mais
radiotelegrafistas atuando na sociedade como no passado. Porém, no
radioamadorismo, essa verdadeira paixão insiste em continuar avançando, apesar
da tecnologia. Em muitos países a RT continua a ser ministrada em salas de
aula. Em outros, desperta a curiosidade e a paixão dos jovens. E assim as novas
gerações perpetuam o legado deixado pelos grandes vultos do passado, tornando a
Telegrafia a mais antiga e duradoura forma de comunicação do mundo. Viva a
Radiotelegrafia! Parabéns a todos os seus entusiastas pelo seu dia!
Adaptado por
PR7GA
Postar um comentário