Uma das coisas
mais prazerosas do hobby radioamadorístico é fazer novos amigos ou falar com
países ou áreas que nunca falamos antes. Os que gostam de ir mais longe,
investem em rádios e sistemas irradiantes cada vez melhores, estudam a
propagação e suas características nas várias bandas e procuram sempre ir além
dos seus próprios limites.
É motivo de
muito orgulho para o radioamador poder dizer que fez contatos com 100, 200, ou
até todos os 340 países, o número máximo de entidades reconhecidos internacionalmente,
ou conseguiu falar com aquele país dificílimo de contatar. Mas como registrar,
e sobretudo provar que fizemos tais contatos? Hoje temos como fotografar,
gravar e até filmar nossos contatos e assim mostrar que realmente o fizemos,
mas nem sempre tivemos essa facilidade.
Os colegas Classe C também apreciam
Nos primórdios
do radioamadorismo, sempre que conseguissem contato pela primeira vez com
determinada estação, era costume a utilização e envio de cartões aonde o
radioamador anotava, além do seu próprio indicativo, o da estação contatada, a
data, o QTR, a QRG, o nível de sinal (RS) e o modo de transmissão que foi
utilizado para realizar o contato. Esta prática começou muito cedo, desde a
década de 1910 nos EUA, e se propagou por toda parte, incluindo até as
emissoras comerciais.
Antigo cartão QSL do colega inglês Bill Corsham, G2UV, de 1925.
No radioamadorismo,
o uso de cartões QSL e o registro cruzado deles tornou possível a realização de
concursos, sejam a nível regional quanto mundial. Nesses concursos, são
premiados os radioamadores que mais fizerem contatos com o maior número de
estações de países ou regiões diferentes. E para comprovar o contato, os
radioamadores apresentavam os cartões correspondentes. E além dos contatos DX,
até bem pouco tempo atrás era questão normal e de honra para o radioamador
enviar seu cartão para toda estação que contatava pela primeira vez, incluindo
estações locais. É costume dizer que o cartão QSL é a cortesia final, após um
QSO bem sucedido.
O país mais cobiçado do mundo DX: Coreia do Norte.
E para enviar seus cartões, os radioamadores utilizam até
hoje um sistema chamado “BUREAU”, onde ao invés de enviar os cartões pelos
correios, eles enviam seus cartões para a associação de radioamadores do seu
país de origem, e esta se encarrega de enviar os cartões para seus destinos
finais, por meio das associações de cada país destino. E para receber, o
caminho é inverso. Por exemplo, se eu quiser enviar um QSL para uma estação dos
EUA, eu deixo o cartão na LABRE, e esta envia à ARRL que é a associação americana,
e lá o colega americano pegará meu cartão quando ele chegar. E de volta, o colega
americano faz o caminho inverso.
Serviço de BUREAU de QSL da LABRE-SP
Nos últimos
tempos, seja por desinformação, seja pelo uso de meios eletrônicos para
confirmação dos contatos, o uso de cartões QSL tem decaído bastante. A prática
tem decaído, e assim muitos dos novos colegas que se achegam sequer sabem da
existência dos cartões QSL. Mas consideramos essa prática um prazer
indescritível. Imagine fazer um contato com uma ilha do pacífico e mais tarde
ter em mãos um cartão enviado desde aquela região remota? Ou também, imagine
“batizar” um novo colega e registrar esse contato especial enviando ao
“afilhado” um belo cartão para imortalizar esse QSO?
Cartão do colega Reno de Cajazeiras, muito atuante no mundo DX
Não devemos
desprezar a agilidade e conveniência em confirmar um contato por meio
eletrônico, mas não devemos esquecer que muitos colegas ao redor do mundo
apreciam e colecionam cartões. Por isso, é importantíssimo que, ainda que você
não seja adepto dessa prática, sempre que receber um cartão, envie o seu de
volta, e se não tiver um próprio, uma boa opção é comprar um cartão postal de
sua cidade, preenchê-lo com o dados do QSO e enviá-lo ao colega. E sempre que
visitar um colega, especialmente os de cabelos brancos, pergunte-o sobre sua
coleção de cartões, caso tenha. Certamente ouvirá belas e incríveis histórias
por trás de cada cartão cuidadosamente e carinhosamente guardada por tantos
anos.
Sempre há tempo de começar a sua própria coleção, e o primeiro passo é
criar seu próprio cartão, seguindo algumas orientações gerais:
·
TAMANHO:
O padrão internacional estipula 140 por 90 milímetros
·
FACES:
uma ou duas, contanto que as informações sejam legíveis
·
GRAMATURA:
normalmente, entre 180 e 250 gramas. Menos que isso, o cartão fica frágil, e
mais que isso, o cartão fica pesado e caro para imprimir.
·
CORES
E IMAGENS: Aí, o limite é sua criatividade, lembrando da questão da inteligibilidade.
Procure expressar o seu próprio gosto e criatividade.
·
INFORMAÇÕES
MÍNIMAS: Para ser aceito como prova de um contato, o mínimo que o cartão deve
conter é o indicativo de quem envia e de quem recebe o cartão, a data, o QTR, a
QRG ou banda e a reportagem de sinal ou código RS que varia de 11 até 59 e modo
de tx. Porém muitos acrescentam também o modelo de seu rádio, a antena,
potência de operação e outras informações, além de fotos da estação ou de sua
cidade.
Cada um pode expressar sua criatividade!
Fontes:
Muito legal, parabéns pela matéria. Forte 73
ResponderExcluirGrande Durval, muito obrigado e fte 73!
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