Há 97 anos, o dia 7 de setembro marcou a primeira transmissão oficial de Rádio no país. O feito ocorreu simultaneamente à exposição internacional em comemoração ao centenário da Independência do Brasil, em 1922, no Rio de Janeiro. 

A exposição recebeu visitas de empresários americanos trazendo a tecnologia de radiodifusão para demonstrar na feira, que nesta época era o assunto principal nos Estados Unidos. Na ocasião, uma estação de rádio foi instalada no Corcovado, no Rio de Janeiro, para a veiculação de músicas e do discurso do presidente Epitácio Pessoa, tornada possível por meio de um transmissor de 500 watts, fornecido pela empresa norte-americana Westinghouse.

A transmissão foi captada em Niterói, Petrópolis, na serra fluminense e em São Paulo, onde foram instalados cerca de 80 aparelhos receptores. A transmissão experimental teve ainda música clássica - incluindo a ópera O Guarani, de Carlos Gomes - durante toda a abertura da exposição.

À frente da iniciativa estava o cientista e educador, Edgar Roquette Pinto, considerado o pai da radiodifusão brasileira. Segundo depoimento do próprio Roquette, dado ao historiador Milton Teixeira, praticamente ninguém ouviu nada da transmissão, por conta do barulho da exposição. Os alto-falantes eram relativamente fracos, mas mesmo assim causou uma certa sensação a transmissão do discurso do presidente Epitácio Pessoa e das primeiras músicas.

Roquette-Pinto

Apesar da transmissão durante a celebração do centenário da Independência, o início efetivo e regular das transmissões do rádio ocorreu somente no ano seguinte, mais uma vez graças ao esforço de Roquette Pinto. Ele tentou convencer o Governo Federal a comprar os equipamentos apresentados na feira internacional, sem sucesso. Porém, a Academia Brasileira de Ciências acabou comprando os equipamentos que seriam utilizados como instrumento de educação. 

Com isso, a então Rádio Sociedade do Rio de Janeiro entrou no ar definitivamente em 1923, com o prefixo PRA-A, como a primeira rádio oficial do Brasil. A emissora pioneira é a atual Rádio MEC AM 800 do Rio de Janeiro, que foi doada pelo próprio Roquette Pinto ao Ministério da Educação em 1936. 

A principal característica de uma “rádio sociedade” é o fato de ser sustentada por “associados” mediante uma contribuição voluntária. Eram os “sócios” quem cediam os discos, em geral de música clássica, que a rádio tocava. O objetivo era construir uma emissora a serviço da educação e da cultura, nos moldes europeus. 

Em 1936, ele doou a rádio ao Governo Brasileiro, especificamente ao Ministério da Educação, transformando-a na atual Rádio MEC. Roquette-Pinto também foi radioamador e participou de várias associações da categoria, como a Liga dos Amadores Brasileiros de Rádio Emissão (LABRE). Em 1937 sua estação detinha o indicativo SB1AG.


Roquette-Pinto também foi o responsável pela introdução no Brasil do radiojornalismo, que já nasceu opinativo. Era o Jornal da Manhã, produzido e apresentado por ele mesmo, via telefone, a partir de sua casa, com comentários pessoais sobre as notícias do dia que julgava mais interessantes, lidas ao vivo.

Apesar do 7 de Setembro de 1922 marcar a primeira transmissão oficial, a primeira rádio a entrar no ar no Brasil começou a transmitir três anos antes de forma experimental. É a Clube AM 720 do Recife, a icônica PRA-8. O 6 de abril de 1919 marca a histórica reunião de um grupo de amadores da telegrafia sem fio que nesta data registrou a fundação oficial da rádio. Eles se comunicavam por diversão e estavam obstinados a aperfeiçoar as transmissões para levar o “pensamento humano” por meio de redes sem fio.

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