Por Alisson, PR7GA
Há duas semanas, noticiamos o trabalho do colega Carlos Marenga, PU0FDN de Fernando de Noronha, no auxÃlio à localização e resgate de tripulantes de um barco que naufragou. Desta vez, a história se repete, mas não na ilha paradisÃaca, mas no litoral paraibano, próximo à BaÃa da Traição. O protagonista, porém, é o colega Fernando Bezerra, PR7DB, da cidade de Cabedelo.
Fernando, que por sinal é bastante amigo do Marenga, também desenvolve um trabalho similar ao colega de Fernando de Noronha, no qual ele monitora e presta auxÃlio via rádio a diversas embarcações que operam no litoral brasileiro e além, até onde as ondas de rádio podem chegar. Normalmente, estes auxÃlios giram em torno de ajudar a manter em contato os navegantes e suas famÃlias em terra, além de estar em dia com o que está acontecendo no mar, formando uma rede de notÃcias via rádio. Vez por outra, porém, Fernando acaba auxiliando em casos mais sérios como resgate de homem ao mar, emergências diversas nos barcos, dentre outros resgates como o que contaremos hoje.
Tudo começou no último dia 27/06/2019. Como bom radioamador, Fernando tem em seu rádio memorizadas diversas QRGs. Ao ligar o rádio à noite e deixá-lo em modo de busca, ouviu um pedido de socorro numa das frequências de HF utilizadas pelos barcos. Era a embarcação Recife III, um barco pesqueiro de águas profundas, cujo comandante Joás solicitava auxÃlio urgente. O motivo era que o retentor da hélice do motor havia se rompido e a água estava invadindo a casa de máquinas do barco, e aos poucos ele estava afundando. Apenas Fernando estava conseguindo ouvir o pedido desesperado da embarcação, que naquele momento estava a cerca de 40 milhas náuticas ou 75km da costa da BaÃa da Traição.
A partir daÃ, Fernando tentou localizar outros barcos que estivessem próximos à localização passada pelo comandante Joás para que fossem ao seu encontro. Após várias tentativas, localizou o navio tanque GURUPI, prefixo PPRF, que estava a cerca de 10 milhas do Recife III. Após o pedido de Fernando para irem ao resgate, seguiram rumo à embarcação, porém não puderam fazer o resgate das pessoas a bordo naquele momento por questões de segurança. Como o GURUPI é substancialmente maior que o barco naufragando, caso ele se aproximasse demais, as ondas poderiam fazê-lo colidir com o barco menor, podendo piorar a situação.
Em seguida, foram localizados outros barcos que então foram até o encontro do Recife 3, quando então bombas foram acionadas para fazer a drenagem da água que estava invadindo o barco. Com os tripulantes a salvo, ele foi, então, rebocado até o porto de Suape, onde finalmente os tripulantes pisaram em terra firme no dia 29/06. Toda a odisseia entre ouvir o pedido de socorro e finalmente ver o resgate chegando durou das 7 da noite do dia 27 até as 4h da manhã do dia seguinte.
Abaixo você pode ver um vÃdeo do barco Recife III, já em terra firme, enquanto é preparado para o conserto:
Abaixo você pode ver um vÃdeo do barco Recife III, já em terra firme, enquanto é preparado para o conserto:
Em contato direto com o Fernando, ele pôde externar a satisfação em ser útil como radioamador no sentido de ajudar a salvar a vida de seres humanos, mais uma vez. Este é mais um exemplo dos inúmeros que ocorrem diariamente em todo o mundo, pois nem sempre se tem um celular à mão, nem sempre a internet funciona, nem sempre alguém está "online" para nos ajudar. A radiocomunicação é item de fundamental importância em emergências, e o radioamadorismo está aà para auxiliar quando for preciso.
Além das emergências, Fernando comentou que ainda é bastante comum, mesmo em tempos de informática onipresente, que no mar o radioamadorismo ainda preste um serviço que era bastante comum no mundo nos anos pré-internet. Como no mar os sinais de celular não chegam, muito menos internet, e até mesmo serviços de telefonia via satélite não funcionam direito, por diversas vezes Fernando deu e dá recados entre tripulantes e suas famÃlias em terra para dar notÃcias corriqueiras, como um novo filho, um parente doente, um acontecimento em sua cidade, ou até mesmo uma morte em alto mar.
A ECRA parabeniza o nosso colega Fernando Bezerra pela sua atuação nessa e em diversas outras situações em que ele prestou auxÃlio via rádio. Viva o radioamadorismo!
Bom dia a todos os radioamador de todo paÃses. de pu7PU7 QRA Gilson Lima de Jacaraú
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