Por Alisson, PR7GA
Nas últimas semanas, uma onda de indignação tem tomado conta das redes sociais. Todos os radioamadores do mundo que souberam da proposta francesa de expulsar o radioamadorismo de metade da banda de dois metros têm manifestado repúdio e preocupação com as possíveis consequências dessa proposta. Muito se tem falado, escrito, compartilhado e retuitado sobre isso na internet, abaixo-assinados virtuais têm sido organizados, e bastante barulho tem sido feito contra a proposta francesa.
Porém, você sabia que todo este movimento contrário poderia ser completamente inútil se não tivéssemos representatividade? Calma, vou explicar.
No âmbito internacional, para reger as telecomunicações a nível mundial, existe um organismo chamado UIT, ou União Internacional das Telecomunicações. Ele é composto por diversas organizações que representam os interesses dos inúmeros usuários do valioso e cada vez mais escasso ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO, que são todas as faixas de frequência de rádio possíveis de serem utilizadas. Dentre esses usuários, estamos nós, radioamadores.
Lá na UIT, somos representados pela IARU, ou União Internacional de Radioamadores. A IARU é, por sua vez, composta das várias uniões ou associações nacionais de radioamadores de todo o mundo. Por exemplo, os americanos estão representados pela ARRL. Os espanhóis, pela URE. Os britânicos, pela RSGB, e assim por diante. E nós, brasileiros, somos representados pela LABRE.
Voltando ao assunto do presente artigo: representatividade. Como dissemos, toda a indignação mundial contra a proposta francesa poderia ser inútil se não tivéssemos representantes no órgão máximo, a UIT. Seria como se um deputado qualquer levasse ao congresso uma proposta para acabar com o futebol amador no Brasil. Se os "peladeiros" não tiverem um representante no Congresso para defendê-los, não adiantaria nada fazer qualquer movimento contra. No dia da votação do projeto, seriam apenas expectadores.
Como dissemos, no órgão máximo das telecomunicações mundiais, os radioamadores do mundo tem um representante, a IARU. E a IARU é mantida por todos os radioamadores do mundo por meio de suas associações nacionais, dentre elas, a LABRE.
Você sabia que a LABRE paga à IARU uma taxa fixa por CADA RADIOAMADOR brasileiro para ter o direito de defender seus interesses? Em 2018, esta taxa anual foi da ordem de 15 mil reais. E não importa se só parte dos cerca de 58 mil radioamadores contribuem com a LABRE, pois a taxa é fixa, por cada estação licenciada no Brasil.
Diante disso, fazemos um apelo, primeiro aos radioamadores que são atualmente sócios de alguma LABRE estadual: continue contribuindo fielmente! Em segundo lugar, aos colegas não filiados à LABRE: procure se informar sobre a LABRE em seu estado e torne-se sócio. Há muitos colegas que sequer sabem o que é a LABRE.
Obviamente, as associações locais como a ECRA e tantas outras são importantíssimas, e não estamos sugerindo a LABRE em detrimento a elas. Porém, verdade seja dita: NENHUMA associação local de radioamadores no Brasil tem assento e voz na UIT, apenas a LABRE. Portanto, sejamos e continuemos sócios da ECRA de Campina Grande, da ARASP de Patos, da ERAS de Cajazeiras, da CRAM de Americana, e de qualquer outra associação, que por sinal têm papel importantíssimo na promoção do radioamadorismo; Porém, não esqueçamos da LABRE!
Sem a representatividade que a LABRE e tantas outras associações nacionais proporcionam, saiba que o radioamadorismo já teria desaparecido a nível mundial! O espectro eletromagnético é valiosíssimo: basta ver o quanto as empresas de telefonia pagam para ter o direito de utilizá-lo! E mesmo assim, uma parte ridiculamente minúscula, diante do grande número de faixas que os radioamadores têm à sua disposição para seus contatos e experiências.
Você sabia que foi graças aos esforços da LABRE que o radioamadorismo ganhou novas faixas em 2018? Sabia que foi por pressão do Grupo de Defesa Espectral, um grupo de trabalho mantido pela LABRE, que o governo baixou normas a respeito das famigeradas lâmpadas LED no sentido de nos proteger contra suas interferências? E há muito mais.
Muitos podem citar os problemas enfrentados internamente pela LABRE e suas sedes estaduais. De fato, existem muitos problemas, e talvez um dos maiores seja a falta de coordenação a nível nacional. Para isso, foi criado um grupo de trabalho destinado a discutir estes problemas, composto por membros de cada diretoria estadual. Falaremos sobre isso nos próximos QTCs.
Fica aqui registrado nosso sincero agradecimento à LABRE pelo que fez, tem feito e ainda fará pelo radioamadorismo brasileiro!
Querido colega Alisson, permita-me complementar dizendo que existe, há cerca de 10 anos, uma outra organização que, do mesmo modo que a IARU, tem assento na CEPT e na UIT: - a EURAO-Organização Europeia de Radioamadores e que, embora recente e pequena, ergue a sua voz, naqueles e noutros fóruns, na defesa do interesse dos Radioamadores europeus e não só.
ResponderExcluirTodos aqueles que fazem o seu melhor pelo radioamadorismo, têm o nosso respeito!
Abraço+73
José Machado-CT1BAT
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