“A curiosidade move o mundo”. Assim dizia um antigo comercial de TV. De fato, frequentemente os avanços da humanidade vêm a reboque de alguém que prestou atenção em um detalhe que a maioria deixou passar despercebido. Nesse contexto, talvez o Radioamadorismo seja a atividade que mais reúne esses curiosos.
 
No início, quando as misteriosas “ondas hertzianas” foram primeiro previstas por meio de equações complicadíssimas e depois demonstradas, timidamente, por meio de uma faísca produzida de forma quase mágica na famosa experiência de Hertz, aqueles primeiros curiosos sequer tinham um nome para distingui-los dos demais.
 
Pouco a pouco, porém, à medida que descobriam mais e mais propriedades e utilidades para aquelas ondas, inventando mil e uma formas de criá-las e aproveitá-las com os materiais que tinham à mão, uma comunidade ainda insipiente começava a formar-se. 



Não era a primeira e certamente não seria a última vez que pessoas comuns descobriam uma atividade também em comum que as agregava. A novidade agora é que, para trocarem experiências, não era mais preciso irem à casa uma das outras ou se reunirem todos no mesmo local. Não era preciso escrever uma carta e enviá-la pelos correios, aguardando meses para uma resposta, ou, como alterntiva, pagar altas quantias para utilizar o revolucionário telégrafo com fios, cuja tarifa era calculada em função da quantidade de letras que tinha a mensagem a ser enviada.
 
É consenso que as redes sociais de hoje aproximaram as pessoas ao ponto de quase sufocarem-se mutuamente pela quantidade de fotos, posts, likes, stories e todo tipo de interações que elas fazem entre si. Mas isto é outra discussão. O que de fato poucas pessoas se dão conta é que o rádio fez exatamente a mesma coisa mais de um século atrás. 


Pela primeira vez na história, pessoas comuns com interesses em comum podiam comunicar-se entre si para trocar experiências e cultivar uma amizade à distância – e, em muitos casos, bota distância nisso! Brasileiros, norte-americanos, franceses, russos, indianos, japoneses, alemães, australianos... Se antes as barreiras geográficas tornavam impossível um contato próximo, agora com um pouco de habilidade, um ferro de soldar e uma pequena ajudinha da ionosfera, conversar com um completo estranho, falando outra língua, com outra cultura e, após estabelecerem uma comunicação básica, tornarem-se realmente amigos era algo corriqueiro.

 
Hoje as pessoas fazem o mesmo utilizando um smartphone. Naquela época, porém, o ato de ligar uma caixa cheia de luzes e, com a ajuda de um pedaço de fio pairando no ar, falar com o mundo era algo completamente extraordinário e até revolucionário. Várias foram as ocasiões em que, a despeito de certos governos tentarem de alguma maneira restringir essa verdadeira “arena livre”, aqueles Radioamadores, silenciosamente trancados em seus quartos, rompiam todas as barreiras em nome da amizade, da fraternidade, da boa vontade, e da ciência. Sim, pois aqueles homens e mulheres simples contribuíram de forma brilhante com o progresso da humanidade por meio daquele singelo passatempo.
 
Então, se hoje vemos os stories do Instagram ou podemos enviar mensagens instantâneas pelo WhatsApp ou assistir aos vídeos viciantes do TikTok, saiba que tudo começou com aqueles malucos pioneiros e suas caixas mágicas e reluzentes. Viva o Radioamadorismo!





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