Hoje, 1º de maio de 2023, o outrora Clube de Radioamadores de Campina Grande, hoje Escola e Casa de Radioamadores de Campina Grande - ECRA, completa 60 anos de história. Criado por um grupo de abnegados colegas amantes do Radioamadorismo na década de 1960, hoje a ECRA carrega um legado de serviços relevantes e de incentivo à educação não só no que tange ao nosso hobby, mas que tem frutos para toda a sociedade.

Em vista disso, a ECRA recebeu em seus primeiros anos de história dois importantes reconhecimentos do poder público municipal e estadual, que foram a Lei Municipal nº 33, de 30 de abril de 1965, e a Lei Estadual nº 4.485 de 20 de Julho de 1983, que deram ao então CRCG o "status" de Entidade de Utilidade Pública tanto no âmbito municipal, quanto estadual.

Vejamos um resumo dessa história.

Antecedentes


Embora o então Clube de Radioamadores de Campina Grande tenha sido formado em 1963, o radioamadorismo em Campina Grande iniciou-se bem antes, na década de 1930. Na época, já haviam amadores do rádio em atividade, como João Miguel de Morais (PY7LN), João da Costa Pinto (PY7LEE), João Alves de Oliveira, José Mentor da Ponte (PY7LV), José Morais de Oliveira (PY7MD), Balbino Alves Barbosa (Didi PY7MH), e outros. 

Em meados de 1935, João Miguel de Morais solicitou à recém criada LABRE no Rio de Janeiro a criação de uma sub diretoria seccional para a Paraíba, cuja sede seria em Campina Grande. Seu pedido foi aceito e assim, durante mais de duas décadas, a sede da estadual da LABRE no nosso estado ficava em Campina. Mais que isso, aquela foi a primeira seccional da LABRE fora do Rio de Janeiro, a qual atendia a todo o Nordeste brasileiro!

Em 1958, João Miguel de Morais mudou-se para João Pessoa por força de seu batente. Por não haver nenhum colega que quisesse continuar a seccional na cidade, Morais a levou consigo e instalou-a na Capital estadual, ficando em Campina Grande apenas uma subseccional sob direção de José Morais de Oliveira (PY7MD).

A criação do CRCG


Com o passar dos anos, os colegas campinenses sentiram a necessidade de criar uma entidade local, para congregá-los e fomentar o radioamadorismo em nossa cidade. Assim, em 1º de maio de 1963, foi criado o Clube de Radioamadores de Campina Grande, cujo primeiro presidente foi José Morais de Oliveira (PY7MD).

Nos primeiros anos, o CRCG funcionou provisoriamente no Clube Aquático às margens do Açude de Bodocongó, depois numa sala no Teatro Municipal Severino Cabral, e por fim numa sala dos Correios e Telégrafos, na praça da Bandeira. 

No ano de 1965, a Prefeitura Municipal de Campina Grande fez a doação de um terreno localizado na atual Av. Canal, vizinho à sede do sistema Correio. Porém, devido às dificuldades financeiras, não foi possível a construção da sede definitiva. Com isso, no início da década de 1970, o terreno foi desapropriado pelo interventor Luis Motta Filho e, como compensação, foi paga certa quantia ao CRCG a qual foi depositada em sua conta bancária.

Em seguida, ainda no início dos anos 1970, João de Assis, PY7ASC juntamente com Mario Sergio, PY7VON, encontraram um imóvel que mais tarde se tornaria a sede definitiva do CRCG. Assim, juntamente com abnegados colegas como Pedro Feitosa, PY7LAJ, Mentor, PY7LV, Morais, PY7MD dentre outros, ratearam os recursos que, reunidos ao valor pago pela prefeitura anos antes, seriam necessários para a aquisição do terreno e da residência localizada na Av. Getulio Vargas – 1012.

Primeira sede própria do CRCG, na Av. Getúlio Vargas, 1012


Para uma lista detalhada dos que colaboraram nesta vital empreitada, veja o artigo "ECRA - Sua história - Parte 1".

Em 1975, foi solicitada à Companhia Telefônica local (TELINGRA) e ao Departamento Nacional de Telecomunicações – DENTEL a instalação do primeiro telefone e a concessão do primeiro indicativo do Clube: PY7CD.

O CRCG também foi pioneiro nas operações na então desconhecida banda dos dois metros. Ainda na década de 1970, foi instalada uma das primeiras repetidoras para esta faixa, na época ainda com poucos usuários. Sobre esta história falaremos em outra oportunidade.

Os anos 1980/1990: Frei Lauro e a grande reforma na sede


No ano de 1985, chegava à nossa cidade um novo pároco para o Convento de São Francisco. Seu nome, Frei Lauro. Era alemão e Radioamador, e seu trabalho logo alcançou as áreas circunvizinhas como as comunidades do Continental, Araxá e Jeremias.

Frei Lauro Schwarte, PR7OFM

Naturalmente Frei Lauro logo achegou-se ao CRCG, passando a acompanhar os trabalhos do Clube e colaborando com o Radioamadorismo em nossa cidade. Com o passar dos anos, decidiu concorrer à presidência durante as eleições de 1989, tendo conseguido êxito e sendo alçado ao cargo para o biênio 1990-1991.

Dentre seus projetos, o mais audacioso era construir uma nova e moderna sede para o CRCG. Além disso, tinha planos de transformar o Clube de Radioamadores numa Escola, nos moldes de uma fundação filantrópica, cujo mote seria continuar promovendo o Radioamadorismo, mas também investir nos mais carentes da sociedade, oferecendo cursos básicos de Eletrônica e Telecomunicações. 

Construção da nova sede entre 1990-1992

Após um período árduo e de intenso trabalho de máquinas e de captação de recursos, já em eu segundo mandato, em 1992, conseguiu finalmente inaugurar a tão sonhada nova sede já com novo nome: Escola e Casa de Radioamadores de Campina Grande, subtítulo aposto à tradicional designação CRCG. A nova sede contava com infra-estrutura arrojada e moderna, contando com espaço destinado ao futuro laboratório de Eletrônica e Telecomunicações e salas de aula.

Em outubro de 1993, durante um período de férias na Alemanha, Frei Lauro conseguiu e despachou para o Brasil três caixotes com todos os equipamentos necessários para equipar o Laboratório de Eletrônica, como também instrumentais básicos para a manutenção e alinhamento de transceptores e acessórios. Os equipamentos foram avaliados em US$ 35.000,00. Infelizmente a burocracia manteve no porto de Recife toda a mercadoria encaixotada até junho de 1994.

Inauguração do Laboratório de Eletrônica/Telecomunicações em 1994

Em agosto de 1994 a Escola e Casa de Radioamadores realizava o primeiro curso Básico de Eletricidade/Eletrônica para os colegas radioamadores. No período de 1995 até 1997 a ECRA buscou convênios para a manutenção dos cursos priorizando os jovens da comunidade mais carente. Desta forma foi firmado convênio de Cooperação com o Parque Técnológico, SINE e a Prefeitura Municipal de Campina Grande.

Em 1997 e 1998, foram formados 45 alunos nos cursos técnicos. Neste período, a ECRA recebeu visitas de fundações não governamentais da Alemanha e amigos de Frei Lauro que vieram conhecer o trabalho por aqui realizado, que garantiram verbas suficientes para a manutenção das turmas para o exercício 1999.

Infelizmente, durante uma viagem de férias para rever sua mãe que completara 90 anos, Frei Lauro descobriu um câncer que lhe foi fatal. Ele veio a falecer na sua terra natal no dia 03 de novembro às 22:00hs GMT. No dia da sua morte recebemos em Campina Grande uma quantia em dinheiro dentro de um envelope com sua própria letra, suficiente para manter mais duas turmas no período de 01 ano! 

O período atual: anos 2000 em diante


Após a partida de seu benfeitor, a ECRA prosseguia com cursos profissionalizantes de Eletrônica e, nos anos 2000, de Informática. Para isso foi montado um laboratório composto por vários PCs para uso dos alunos. Os cursos eram subvencionados e mantidos por uma organização alemã beneficente.

Inauguração do Laboratório de Informática em meados dos anos 2000

Ao mesmo tempo, a ECRA também promovia cursos para iniciação ao radioamadorismo, tendo também colaborado com a ANATEL para a realização de provas em nossa cidade, evitando o deslocamento dos candidatos até a capital do estado.

A ECRA também começava a destacar-se no cenário do DX e dos contestes nacionais e internacionais. Na época, a estação PR7CP contava com um parque de antenas e equipamentos que garantia bastante competitividade. Para operá-la, foi formado um time de operadores apaixonados por DX e competições que garantia sempre à ECRA uma boa colocação nos diversos concursos da época, como CVA, CQWW, WPX e outros. Também na faixa de VHF, a ECRA incentivava a prática do DX, tendo participado de concursos nacionais como o CB144 e obtido ótimas colocações.

Neste período, iniciou-se a FETECRA - Feira e Encontro de Radioamadores promovido pela ECRA, que chegava a reunir em Campina Grande centenas de radioamadores vindos de toda a região. Durante as várias edições da FETECRA, foram promovidas também palestras técnicas e informativas, além das tradicionais "feirinhas" de eletroca que fazem a festa dos visitantes.

O Sistema de VHF da ECRA


Como foi citado anteriormente, na cidade contávamos com colegas que gostavam da faixa de VHF e para isso investiam na aquisição e instalação de repetidoras. Para isso foi formado o Grupo de VHF de Campina Grande. Já em meados dos anos 1990, o Grupo conseguiu a instalação de um sistema de "autopatch" acoplado à repetidora da ECRA na época, o que garantia aos associados a comodidade de realizar chamadas telefônicas móveis anos antes da chegada das redes celulares ao Brasil. Na época, gerava até certo "status" e era motivo de olhares curiosos os radioamadores tirarem seu HT da cintura e, num passe de mágica, ligarem para algum número qualquer sem a necessidade de um aparelho telefônico ou de fios.

Mais tarde, após uma visita e com a comprovação da viabilidade técnica, foi instalada uma repetidora  na Pedra de Santo Antônio, localizada na vizinha cidade de Fagundes, a mais de 700 metros acima do nível do mar. A nova repetidora, operando em 145,330 MHz e com indicativo PR7CG, garantia um excelente raio de cobertura, chegando ao estado vizinho de Pernambuco, o que acabou fomentando o radioamadorismo nas cidades circunvizinhas pela comodidade de operar pela nova repetidora. Esta seria a "cabeça de rede" para a formação do sistema de VHF da ECRA.

Em seguida, mediante contato com uma emissora de televisão local, foi-nos cedido um espaço na torre para instalação de uma outra repetidora, desta vez no morro do Cajá, distante cerca de 60 km de Campina Grande. Lá foi instalada a repetidora 147,150 MHz, PR7CD, "linkada" com a 145,330.

Além do Cajá, também nos foi cedido um espaço na torre da citada emissora localizada no Pico do Jabre, mais alto cume da Paraíba, com mais de 1200 metros acima do nível do mar segundo a última revisão em seus dados geográficos. A nova repetidora, que completaria a rede e conectando0se com as demais, foi instalada no local e opera na frequência de 147,390 MHz com indicativo PR7PIJ. Pela sua localização estratégica e grande altitude, serve a todo o sertão paraibano, além de porções de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará. Eventualmente colegas até da Bahia já conseguiram acioná-la.

Visita para manutenção da repetidora do Pico do Jabre. Foto do final da década de 1990.

Diariamente as três repetidoras recebem colegas de vários estados para a tradicional Rodada Amigos do Sertão, fundada há mais de uma década e mantida atualmente pelo colega Remígio, PY7PR, de Afogados da Ingazeira, PE. Diariamente ele recebe os colegas para um bate-papo amigo e cordial às 18 horas. Nos finais de semana, é a vez da Rodada do Bacurau aos sábados às 19h e da Rodada do Cuscuz aos domingos às 10h, ambas sob a batuta do querido Adalberto PU7HAD.

O QTC da ECRA




A ECRA sempre contou com um informativo, o seu QTC, por meio do qual transmitia notícias de suas atividades e do Radioamadorismo em geral. Desde sua fundação, vários colegas revezavam-se na redação e transmissão das notícias, normalmente em regime semanal e com transmissão via HF e depois pelo Sistema de VHF da ECRA. Até 2018, o informativo tinha alcance apenas local e regional.

Porém, em 2018, o então presidente da entidade João Barros, PR7TT, teve a ideia de criar um "blog" para registrar as notícias, já que ele próprio também atuava na Radiodifusão e sabia da importância de inovar e de ocupar as novas mídias, como a internet. Ao mesmo tempo, ao publicar as notícias num blog, estas seriam arquivadas e estariam disponíveis a qualquer pessoa no mundo para leitura.

Com a expansão do informativo para a Grande Rede por via textual, logo veio a ideia de transmiti-lo também pelas Redes Sociais, simultaneamente à transmissão via rádio. Primeiro veio o Facebook, e depois o Youtube. Logo o QTC da ECRA começava sua expansão pelo país.

Ainda em 2018, com o sucesso do blog, começaram a ser veiculadas mais e mais notícias de interesse nacional e internacional. Com a falta de fontes de notícias relativas ao Radioamadorismo no Brasil, as matérias veiculadas eram também obtidas pela tradução de fontes estrangeiras como a ARRL, QRZ.com, SouthgateARC, dentre outras. Também foi registrado o domínio ecra.club para que o blog fosse acessado mais facilmente, além de facilitar a leitura dos endereços das notícias via rádio.

Logo o QTC da ECRA passou a ser um importante portal de notícias sobre Radioamadorismo em língua portuguesa, quiçá o principal. Semanalmente eram veiculadas, às quartas-feiras, notícias locais, regionais, nacionais e internacionais que circulavam nas redes sociais radioamadoras após serem publicadas. A esta altura, o informativo era transmitido ao vivo simultaneamente via rádio VHF por meio de repetidoras espalhadas em dois estados, também nos 40 metros, além de Facebook, Youtube, Echolink e Zello, tudo a partir da sala de rádio da ECRA.

Porém, veio a pandemia de 2020 e, somado à indisponibilidade de tempo para a realização das transmissões via rádio toda semana, o QTC da ECRA deixou de ser transmitido semanalmente e passou apenas a publicar notícias no seu site, QTC.ECRA.CLUB, além de matérias de colaboradores e traduções de artigos técnicos estrangeiros.

Hoje, com média de 20 mil a 25 mil visitas mensais e acumulando mais de 1,7 milhão de pageviews, o QTC da ECRA tem levado notícias com credibilidade e ética para pelo menos 3 mil pessoas que inscreveram-se diretamente para receber as notícias por meio dos grupos próprios no Whatsapp, Facebook, Instagram, Telegram, e Twitter, isso sem contar com compartilhamentos feitos por outras pessoas.

Para garantir sua isenção editorial, o QTC da ECRA é distribuído gratuitamente, os textos publicados são em regime "copyleft" (uso livre desde que não comercial) e não aceita propagandas pagas ou qualquer tipo de monetização de seu conteúdo.

Estrutura

Fachada atual da ECRA

Prédio principal com 1.500 m² composta por estacionamento privativo, salas de aula, laboratórios de eletrônica, Laboratório de Sistemas de Radiocomunicação, Auditório & Salão de Festas, cozinha, apartamento para visitantes, área de lazer, churrasqueira.

Estacionamento privativo para 20 carros. Área de aproximadamente 500 m², que também pode ser usado para montagem de pavilhões, barracas, etc.


Antiga casa para morador com aproximadamente 180 m² com área de serviço, cozinha, quarto, sala e área verde.


Terraço panorâmico com 60 m² (20 x 3 m). Pode abrigar sinucas, mesas de ping pong, como também mesas para os associados.






Secretaria e o Sala de rádio numa área de 25 m² 



Banheiros masculino e feminino com dois vasos e via em cada um.





Salão de Festas com área de 170 m² integrado à cozinha, bar, churrasqueira e palco para eventos. Comporta até 20 mesas com capacidade para 80 pessoas sentadas. Também pode ser utilizado para palestras, workshops, etc.




Laboratório de Eletrônica/Telecomunicações para aulas práticas, pesquisa & desenvolvimento e ainda assistência técnica.



Sala de aula com 50 m² data show, quadro branco, e área para 40 mesas para estudo. 







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