Você já ouviu falar da HAARP? Segundo sites e
jornais sensacionalistas, e até membros oficiais de governos como o Irã, é uma máquina feita pelo governo americano para,
segundo eles, “controlar mentes e o clima e provocar terremotos a nível
mundial”.
Antes de mais nada, esta máquina de fato existe e
está ativa desde a última segunda feira, dia 30 de julho. Quanto aos seus
supostos efeitos... Ora, sabemos muito bem que não se deve dar muito crédito a
estas fontes, mas as citamos apenas a título de curiosidade para apresentar o
tema desta matéria (HI). Vamos aos fatos.
Uma visão aérea do complexo aonde ficam as antenas e transmissores
O que seria o HAARP? É a sigla para Programa de Pesquisa Ativa de Alta Frequência da Aurora, e consiste de um centro de pesquisa localizado no Alaska cujo núcleo é composto por um conjunto perfeitamente cofasado de 180 antenas dipolo de HF dispostas de forma cruzada e lado a lado. Este conjunto imenso de antenas é ligado a 30 casas de transmissores, e cada casa abriga seis transmissores de 10KW cada. Assim, este imenso conjunto é capaz de irradiar até 3,6 megawatts de potência de RF direto para a ionosfera. O objetivo é aquecê-la para avaliar suas irregularidades localmente e também observar o alcance destas transmissões a nível mundial. O HAARP é capaz de operar desde 2,7MHz até 10MHz em frequências específicas e predeterminadas, todas fora das faixas de radioamador.
População em visita ao HAARP. Obviamente as transmissões NÃO estão ativas...
A ionosfera começa a cerca de 60 a 80 km de
altitude e se estende até cerca de 500 km de altitude. Existem elétrons e íons
livres na ionosfera com os quais as ondas de rádio podem interagir. É esta
interação que permite, por exemplo, as comunicações em HF a nível mundial, pois
a ionosfera atua como se fosse um imenso escudo onde as ondas de rádio em
certas frequências ricocheteiam de volta à Terra, permitindo ser captadas fora
do alcance visual, ao redor da circunferência de nosso planeta.
As ondas de rádio do HAARP aquecem os elétrons e
criam pequenas perturbações que são similares aos tipos de interação que
acontecem na natureza. Fenômenos naturais são aleatórios e muitas vezes
difíceis de serem observados. Com o HAARP, os cientistas podem controlar quando
e onde as perturbações ocorrem para que possam medir seus efeitos. Além disso,
eles podem repetir experimentos para confirmar que as medições realmente
mostram o que os pesquisadores observaram ou previram em suas pesquisas.
O HAARP foi construído e operou durante muitos anos
a serviço do governo americano através da sua Força Aérea, o que contribuiu e
muito para as teorias conspiratórias. Porém, desde 2015, o HAARP é controlado e
serve apenas a pesquisas universitárias, estando sob o controle da Universidade
Fairbanks do Alaska.
Dito isto, o que este sistema tem a ver com o
radioamadorismo, já que ele não opera dentro de nossas faixas? Acontece que o pesquisador
do Grupo de Física Espacial da Universidade do Alasca Fairbanks (UAF) e
cientista-chefe do HAARP, Chris Fallen, também é radioamador (KL3WX), e
decidiu, pela primeira vez na história, utilizar as faixas de radioamadores
para as transmissões do HAARP.
O pesquisador chefe do projeto, Chris Fallen, também é radioamador (KL3WX)
Desde anteontem, além das transmissões nas
frequências usuais, os pesquisadores aproveitarão o protocolo digital WSPR e a
Rede de Relatores de Propagação de Sinais Fracos (WSPRnet) durante uma curta
campanha experimental. O pesquisador chefe Chris Fallen disse à ARRL que ele
estará conduzindo pesquisas sobre irregularidades ionosféricas, e utilizará a
rede WSPR por suas características únicas, pois permite a recuperação de dados
de recepção incluindo a localização da estação receptora e também o nível de
sinal recebido, dados imprescindíveis para a sua pesquisa. Antes de usar a rede
WSPR, as pesquisas exigiam o envio desses dados de forma manual, enquanto que
na rede WSPR isso é feito de forma automática, em tempo real.
Aspecto do programa WSJT-X, utilizado para decodificar os sinais da rede WSPR
As transmissões em WSPR ocorrem entre
aproximadamente 23:40 e 24:00 horas UTC em todos os 3 dias, na freqüência
padrão de WSPR de 80 metros de 3.592,6 MHz, e também em 40m em 7.038,6 kHz. O
HAARP transmitirá em AM com portadora completa, já que não está equipado para
transmitir em SSB que é o padrão em WSPR. O indicativo de chamada do HAARP será
WI2XFX.
Como os sinais WSPR são captados e confirmados. Cada linha representa um contato.
Pelo padrão WSPR, as transmissões devem citar a
potência de transmissão dos sinais emitidos, além de outras informações. Porém,
uma curiosidade para quem conseguir decodificar é que a potência real de
transmissão será maior do que a relatada, pois está fora do alcance do que o
software permite que seja codificado. Segundo informado pelos pesquisadores, a
potência transmitida será da ordem de 80kW.
Este é mais uma ótima notícia para a comunidade
radioamadorística ao redor do mundo, pois mostra que nós podemos contribuir e
muito com a Academia. O campo de pesquisa do HAARP é algo muito novo, pois
envolve o entendimento do clima espacial, algo que afeta diretamente as
comunicações via rádio a nível mundial. Com o experimento conduzido nestes três
dias, liderado por um radioamador e auxiliado pela imensa comunidade
radioamadorística ao redor do mundo, estejamos certos de que nosso hobby
continua firme, atuante e relevante para a ciência, como sempre esteve.
Lembrando que hoje será o último dia de
transmissões em WSPR. Daqui a pouco, às 20:40 horário de Brasília, ligue seu
rádio em 3.592,6kHz e em 7.038,6kHz e tente captar as transmissões.
Fontes:
Perdi hoje é 4/8/18. Que pena
ResponderExcluirHoje temos QTC! Logo mais às 19h pelas repetidoras locais ou pelo facebook no endereço http://bit.do/qtcaovivo
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